Pescando a Noiva
Feliz daquele que cativa com algumas palavras, ou, peixes.
Era uma vez um homem sem atributos físicos, magro e com inteligência para se valer no mundo corporativo e competitivo.
Apaixonado por uma moça cujo pai e mãe eram bastante severos, ele teve que usar de um estratagema.
O seu caminho todos os dias era feito de modo que ele passasse em frente à casa da sua amada.
Às vezes ele se encontrava com ela acompanhada do pai, da mãe e das irmãs. Eram quatro irmãs. Cumprimentava os familiares e sorria para a moça.
Nesse caminho diário, do qual ele não desistia porque a moça retribuía os sorrisos, ele, aos poucos, descobriu que o pai dela gostava de pescar. Aos finais de semana ele via o seu José sair com as varas e a maleta com os apetrechos para a pescaria.
Joaquim pensou e pensou. Nas redondezas havia um riacho, mas naquele riacho não existiam peixes.
Economizou um mês inteiro e, ao final do mês, providenciou alguns cartuchos com carpas. Cuidava das carpas semanalmente. Verificava o desenvolvimento do cardume com carinho até o dia em que elas foram vistas pelos passantes.
Conhecido da família da sua amada encheu-se de coragem e convidou o seu José para pescar no riacho.
_Meu amigo, não há riachos com peixes nessa região. Se houvessem peixes por aqui, com prazer eu o acompanharia para pescar.
Era a deixa para contar a novidade.
_Seu José, eu passei esses dias pelo riacho e havia peixes. Não faltam carpas ali.
O seu José, desconfiado da intenção do moço, disse que iria com ele até o riacho naquele final de semana.
Chegando ao lugar, as carpas nadavam e eram tantas que se podia avistar o cardume inteiro.
Naquele tempo, palavra dita era feita. José e Joaquim foram pescar no riacho.
Pescaram uma cesta de carpas. José quis dividir os peixes com o Joaquim, mas Joaquim morava com o pai, viúvo e, uma carpa de tamanho grande alimentaria os dois.
Seu José, embora severo na educação das filhas, era generoso. Convidou Joaquim e o seu pai para almoçarem com a família dele no dia seguinte.
_Faremos uma reunião de confraternização, meu amigo.
Joaquim foi ao almoço e desculpou-se pelo pai que dizia estar indisposto naquele dia.
José e a família foram educados com ele. Pai severo que era, percebeu que uma das suas filhas sorria para o convidado. O convidado, entretanto, esperava o seu José se distrair para sorrir para a sua amada.
O resultado do almoço foi que todos da família perceberam a troca de olhares entre o Joaquim e a moça.
De pescaria a pescaria, genro e sogro ficaram amigos.
O final dessa história foi feliz, como é previsível.
É preciso contar essa história do jeito que ela existiu, ainda mais nos dias de hoje.
4 comentários:
Muito legal e o final foi previsível e bem ao agrado! Gostei. beijos,chica
Pois é Yayá... a "arte da pescaria" hoje é bem outra! Perdeu-se a dignidade da simplicidade, infelizmente! Gostei da "pescaria"!
Bj. Célia.
Obrigada de coração pelo carinho e apoio nesta fase menos boa.
Beijinhos
Muito bom Yayá. Benditas carpas, bendita inteligência e perseverança do rapaz. Podemos até reinventar um velho ditado popular: "Quem não tem cão, caça com gato". No caso, "caça" com peixe.
Um abração.
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