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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sábado, 13 de junho de 2015

Deus Não Tem Nada A Ver Com Isso / Crônica do Cotidiano

Deus Não Tem Nada A Ver Com Isso / Crônica do Cotidiano

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Vou a Shopping Center. Escuto a história da moça, humilde e esforçada. Nenhum elogio a mais para ela.

Ela está ao telefone explicando a situação da cunhada para um parente dela.

_A Clarisse sai da UTI hoje... Era coisa simples, ela teve que tirar as amígdalas...Deus permitiu e ela foi para a UTI...Depois da cirurgia, ela recebeu as visitas e foi para casa...No dia seguinte voltou ao hospital com a região da garganta fechada, inchou tudo lá dentro...Era infecção...o problema foi que ela tirou as amígdalas depois de velha, com criança não acontece nada...Deus permitiu, é Ele quem permite a doença e o sofrimento...Eu não sei porque Ele permitiu, mas parece que Ele está perdoando e ela está ficando boa. Amém.

Eu esperei a ligação dela terminar para ser atendida. Tratei bem a moça, precisava comprar algumas miudezas e somente aquela loja vende.

Deixei a conversa fluir. Depois contei a minha situação.

_No prédio onde eu moro, vários vizinhos estão resfriados. Eu também estou com um leve resfriado. Fui convidada para uma festa de aniversário. Não vou. A aniversariante está em tratamento médico e eu não levarei gripe para ela, muito embora ela tenha tomado vacina contra a gripe. Esse resfriado é acompanhado de uma leve dor de garganta e dor de garganta é bactéria. Ela está aborrecida por eu não ir e eu, contente, porque tenho a consciência que do meu resfriado ela não morre.

Eu sei que essas moças mal têm tempo para cuidarem de todos os seus afazeres com tantas atividades tais como trabalho, cada, marido, filhos e igreja.

Eu sei também que em outros lugares, o estado previne a ignorância com panfletagem maciça avisando dos cuidados a serem tomados pelas pessoas.

A prevenção da ignorância é fator de economia.

Por aqui, estão dizendo que “Deus permite”.

Andei mais um pouco e me encontrei com uma conhecida da igreja, mãe de dois filhos e, ela, tão aborrecida quanto eu, disse que passam dos limites em certas assertivas.

Eu concordei com ela.

Eu tenho blog e ela, não. Ela forneceu um panfleto numa viagem que fez com o marido.

Deixarei o panfleto como amostra grátis para a reflexão dos frequentadores de igrejas e agentes de saúde, cumprindo assim com a minha obrigação cidadã.

Trotes e alarmes falsos nesses telefones são passíveis de sanções.

É obrigação de todos combaterem a ignorância assassina.

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