Deus que o Valha!
Deolinda era a moça solteira da família, as irmãs se casaram e ela? Nada, em namorado tinha. Aos trinta e dois anos, na cidade do interior começava a ser chamada de tia. Era moça rica, estudada e inteligente.
Pensou consigo mesma que sem marido não ficaria. Procurava um moço com as seguintes qualidades: interesseiro, solteiro e estudado.
Pesquisa dali e pesquisa daqui e achou o marido.
Casada, teve filhos. O marido, para conseguir casar com ela teve que aceitar o emprego na firma dela. Ela o empregou e ele gostou do emprego, da família e do jeito simplista de pensar da moça. Sabia que ela queria marido.
Dinheiro, dinheiro e mais dinheiro conseguiam.
Conhece um blogueiro, amigo do marido. Não acredita no que vê.
Em conversa íntima com o marido à noite, pergunta:
_Quanto é que ele ganha com esse blogue?
O marido responde que absolutamente nada.
Ela pensa e pergunta:
_Escuta bem, se blogue não é para ganhar dinheiro, para que serve?
Ele responde que serve de lazer, contato social e novos conhecimentos.
_Amor, tem escola para que as pessoas adquiram conhecimentos. Qual é a vantagem de ficar contando história?
O marido explicou que ninguém conta história em blogue para levar vantagem. Explicou que existiam blogues culturais e blogues de vendas. Eram situações diferentes.
_Eu sei que se pode colocar propaganda em blogue. Por que ele não coloca propaganda em blogue?
O marido disse que era para que as pessoas não saíssem do blogue para fazer compras.
_Amada, os publicitários convencem ao mostrarem os seus produtos. Quem quer se distrair, se distrai. Quem quer comprar que se dirija ao site de vendas. Ele pensa assim.
A mulher não se conforma:
_Assim ele não ficará rico como a gente.
O marido conta que nem todo mundo quer ficar rico nessa vida. Alguns querem a vida sossegada, tendo que cuide dos negócios para ele:
_Tem gente que consegue se divertir sem pensar em dinheiro.
Se não fosse o dinheiro, eu não teria te conhecido.
_Exatamente. Eu não quero ter amigos tão bons quanto eu nesse negócio de dinheiro. O mercado é competitivo. Gosto dele do jeito que ele é.
A mulher disse que ele gostava do amigo porque era ciumento dela.
_Outra igual a você eu não arranjo, isso é certo.
A mulher com o olhar distante e sorridente completou:
_Como é que pode ter gente assim, gente que não enxerga um palmo adiante do nariz. Escritor a gente compra, livro a gente compra, que perda de tempo.
O marido, incomodado, pediu para mudarem de assunto. Eles eram casados e tinham obrigações a cumprir.
Ela sorriu feliz, muito feliz.