Buscar
músicas novas é tarefa para a vida inteira. As ferramentas de pesquisa são
boas, mas a seleção daquilo que a gente quer, de fato, armazenar nos
dispositivos, é que são elas.
Estou
gostando do “soundcloud”, um aplicativo de músicas confiável que garante horas
de entretenimento musical. Neste aplicativo se pesquisa por gênero e compositor
e conta-se com a sonoridade do “tablet” e dos fones de ouvido. Com este
aplicativo consegue-se música para todos os gostos e idades.
Já, o bom
amigo Youtube, possibilita encontrar aquela música que, de repente, aparece nos
ouvidos e exige a sua audição. Por incrível que pareça, após a audição de uma
música inteira, daquelas cujo refrão não sai da sua cabeça, a música sai da sua
cabeça e a pessoa fica livre do refrão.
Os “songbooks”
são caros e é difícil que se aproveite todas as partituras porque são
interesses múltiplo que nos movem a gostar de música.
Os
clássicos são indispensáveis na prateleira de CDs e na partitura.
Tenho
conhecidas que andam com porta-treco de bolsa com os “pendrives” carregados com
músicas, identificados um a um com etiqueta apropriada.
Outro
dia, por coincidência, peguei um táxi que tinha “pendrives” de música e ouvia
rock antigo.
Perguntei onde ele havia conseguido aquelas
músicas raras e ele respondeu que passou o dia na casa de um amigo copiando os
antigos Lps para o “pendrive”.
Quem
gosta de música procura o som da época, pois a música é atemporal e a gente
pula de Chopin para Ariana Grande num piscar de olhos.
De tempos
em tempos os pendrives exigem manutenção, ou seja, compram-se pendrives novos e
carregam-se novamente.
Música é
o dia inteiro para quem gosta e as atividades são diversas.
Agora,
pergunto: com Soundcloud, Youtube, songbooks, CDs, Lps, partituras, “pendrives”
e, tablets portáteis, sobra tempo?
O dia se
foi, qualquer texto ou poema, fica para amanhã. Se der tempo.
Eram dois
carros de luxo e estavam numa avenida confortável.
No carro
de trás o motorista avistou o vendedor de panos de prato e disse para a mulher que
iria comprar alguns panos se o semáforo permitisse e ela quisesse.
O
semáforo ficou amarelo e depois, vermelho. O carro da frente abriu a janela e a
mulher que estava ao lado do motorista chamou o vendedor ambulante de panos de
prato e comprou dois pacotes cobertos com plásticos transparentes com panos de prato.
Ambos os carros
tiveram a mesma ideia e ao mesmo tempo.
Boas
lembranças não devem alimentar o saudosismo, mas podem ser lembradas com
alegria.
Meu pai e
meu irmão iam regularmente para Balneário Camboriú para cumprir alguns
compromissos.
Certa
vez, em cima da hora, o meu irmão disse que tinha uma festa e daquela vez não
poderia ir junto com ele.
Meu pai
convidou a minha mãe.
_Para
aquele passeio de índio de ir e voltar no mesmo dia? Não. Se for para ir, eu
prefiro que fiquemos lá por alguns dias. A Yayá vai com você?
_Eu?
_Você
nunca foi e precisa saber como é essa viagem? Apronte-se e vá.
O meu pai
sorriu e concordou com a minha mãe.
O meu
irmão, quando soube, recomendou que eu não mudasse em nada o passeio que ele e
o pai faziam. O passeio dos dois era bom. Foi muito interessante à recomendação
para que eu não comesse hambúrguer, muitas vezes repetida antes da viagem.
Eu nunca
tinha viajado com o meu pai e preparei sanduíches de queijo e biscoitos do tipo
ao leite para levar. Comprei também alguns chocolates e duas garrafas com dois
litros de água.
A sacola
de viagem estava pronta. As recomendações do meu irmão nos pedindo que eu não
mudasse nada no passeio e as bênçãos da minha mãe.
Pegamos o
ônibus na rodoviária e fomos.
Perto da
cidade de Balneário Camboriú, o motorista perguntou se o meu pai gostaria que
ele o deixasse no lugar de sempre e ele disse que sim.
O
motorista parou na BR101, rodovia federal, próximo a uma das entradas da
cidade.
Eu olhei
para o meu pai e perguntei onde era o ponto de táxi para nós chegarmos à nossa
casa da praia.
_Aqui não
tem táxi. Eu e o seu irmão fazemos uma marcha de alguns quilômetros até lá. Eu
não quis aborrecer o seu irmão e você não sabe o que é marcha.
Eu disse
a ele que tudo bem, era só ele marchar devagar.
_Marchar
devagar? Negócio feito! Vamos aproveitar e sentir o cheiro da mata nativa e
respirar esse ar que não temos na cidade.
Começamos
a andar.
Passou um
quilômetro e a sacola começou a vazar. Uma das garrafas de água estourou dentro
da sacola.
Paramos
no meio da estrada e abrimos a sacola. Como a água estava no fundo da sacola,
os sanduíches de queijo e os biscoitos não molharam.
_Jogue
fora a garrafa, ele disse.
Eu disse
a ele que já que iríamos jogar fora a garrafa de água que ainda continha mais
de meio litro, que comêssemos um sanduíche cada um, pegássemos os copos de
papel e déssemos um tempo.
_Na
estrada não se pode ficar parado, é perigoso. É a gente e a estrada e o mato.
Eu disse
a ele que, por favor, segurasse a garrafa, enquanto eu comia um sanduíche.
Ele
começou a rir.
_Pode
deixar, a garrafa furada é a minha. Duvido que tenha água aqui nessa garrafa
quando você terminar de comer o sanduíche.
Comi
rápido e tomei o restante de água da garrafa.
Depois a
paisagem nos distraiu e fomos conversando sobre a vida, o mato, o mar e essas
tolices tão importantes na vida da gente.
Duas horas depois chegamos a casa.
_E agora,
o que vamos fazer? Perguntei muito animada.
A
resposta foi a do passeio de índio. Tínhamos alguns compromissos e depois
iríamos direto até a rodoviária para voltar à Curitiba.
Depois de
resolvidos os compromissos ele ficou pensativo e eu perguntei o que é que ele
tinha.
_Eu e o seu
irmão comemos bolinho de boteco e eu tomo uma xícara de café com leite antes de
pegar o ônibus, mas eu estou com você.
Eu
perguntei se o boteco era familiar.
_Vamos ao
boteco!
Realmente
eu olhei para o bolinho do boteco e não simpatizei com ele.
Ele olhou
para mim contrariado e disse que sabia que deveríamos ir a um lugar com hambúrguer.
Eu disse
que não e que ali estava ótimo, mas é que eu tinha trazido sanduíches e não os
desperdiçaria.
_Aceita
um refrigerante?
_Aceito.
_Quer
comer alguma outra coisa?
_Eu como
quando chegarmos a Curitiba.
Esperei
ele comer calmamente o bolinho e tomar café com leite.
Depois,
perguntei sobre o roteiro para chegarmos até a rodoviária.
_Se você
quer fazer conforme eu costumo, são dois quilômetros e meio até a rodoviária e,
vamos a pé.
_Marcha
devagar?
_Muito
devagar.
Caminhamos olhando o povo, as vendas, o saibro e o paralelepípedo da rua.
Conversávamos e pensávamos um no outro e nas nossas negociações
pessoais.
Chegamos a
Curitiba e a família dividiu os sanduíches de queijo restante.
Palavra
dada, palavra cumprida.
Feliz Dia
dos Pais a todos vocês!
Obs. A doutrina que sigo ensina que podemos atender às expectativas do próximo quando solicitados a fazê-lo. Deste modo, resolvi compartilhar com vocês um dos momentos mais divertidos entre eu e o meu pai, "in memoriam".
A cidade
anda divertida para quem tem alguma habilidade diplomática, pois são tantas as
culturas da minha cidade, Curitiba, que as Olimpíadas estão causando um
treinamento para os nossos habitantes.
É bem
verdade que nascemos e moramos no Brasil, portanto brasileiros e torcedores
pelas equipes que estão competindo nos jogos.
Acontece
que todos são descendentes de povos estrangeiros que vieram para o Brasil em
diversas épocas da sua história.
Quem quer
assiste as várias competições diárias e é só andar alguns metros para se ouvir
as diferentes torcidas.
É óbvio
que todos observam os favoritos, mas os gritos são ótimos e vou transcrever
alguns deles abaixo:
_Alemaaaanha. Alemaanha, três pontos!
_Nope! Os
americanos são melhores!
_Itália!
Itália! Itália! Vaaaaaaaaaaaaai Itália!
_Sem
querer puxar a sardinha para o nosso lado, até que não estamos fazendo feio.
_Vocês me
desculpem, mas a minha torcida, por convicção é da Colômbia!
_ O
Brasil ainda joga futebol?
_Eu vou
para o shopping para não me lembrar de quem ganhou a partida?
Enfim,
cada um pensa nos seus favoritos e, às vezes conta desse ou daquele jogo de
vôlei, basquete e futebol.
É
cansativo torcer por muitos ao mesmo tempo, principalmente porque a minha
torcida é música. Até agora assisti a ginástica feminina para observar músicas
e coreografias, se bem que não seja exatamente esse o nome das peripécias das
meninas.
Quem sou eu neste mar de ilusões que é a vida? Alguém que acorda disposta todos os dias para fazer arte e pensar que é possível. Trago uma garrafa de água comigo.